quarta-feira, 10 de maio de 2017

Campelenses na 1ª Grande Guerra

Há 100 anos atrás a localidade de Campelos, (então pertencente à freguesia de Santa Maria do Castelo, cuja sede estava a 18 km de distância, na Vila de Torres Vedras), vivia ainda mais preocupada, sabia desde Março de 1916 da entrada de Portugal na Primeira Guerra, mas agora chegava a notícia de que alguns dos seus filhos iriam participar no conflito.
Foram publicados Editais, que normalmente eram afixados em todas as terras, e sabe-se que o jornal  A Vinha de Torres Vedras publicava a 24 de Agosto de 1916 um edital da Junta de Inspecção de Revisão no qual (…) se deve proceder (…) à inspeção revisão de todos os indivíduos que, achando-se ao abrigo da lei de 2 de Março de 1911, foram, para esse fim, relacionados pelo secretário da comissão de recenseamento militar deste concelho. Na edição seguinte, o mencionado periódico torriense informava que (…) a partir do primeiro mez de setembro, todos os cidadãos dos 20 aos 40 anos, devem andar munidos de documento que prove terem cumprido ou terem sido isentos do serviço militar. Sabe-se pela mesmo jornal que haviam sido inspecionados na faixa dos 20 aos 25 anos, 765 indivíduos, sendo que 410 foram apurados para serviço militar, 165 ficaram isentos definitivamente e 191 isentos incondicionalmente.  [i]
O clima de guerra já se fazia sentir na área há algum tempo com os exercícios militares a decorrerem nas proximidades, em Paio Correia, Vimeiro e  Bogalheira, conforme descrição publicada em jornais, de uma visita aos locais, de membros do Quartel General, em finais de Outubro de 1916. [ii]
Foram dois os jovens Campelenses que foram para a Guerra, Francisco Antunes, e Laureano dos Santos.
Francisco Antunes nasceu em Campelos a 3/1/1890, 10º filho de António Antunes e de Gertrudes Emília, ambos de Campelos, com excepção do avô que era do Sarge, os outros eram todos de Campelos, ou localidades próximas.
Francisco Antunes embarcou para França a 8 de Agosto de 1917[iii], já casado desde 2/12/1914 com Gertrudes Delfina, natural do Casal do Vale Pereiro, Campelos, (2ª filha de José Amaro e de Delfina de Jesus, ambos de Campelos), e já com a sua primeira filha, a Maria Gertrudes Antunes, baptizada a 5 de Março de 1916.
Foi como Soldado Condutor, nº 635, no Regimento de Artilharia nº1/5º G.B.M./7ª Bateria/ 2ª Bateria. Regressou a 13 de Setembro de 1918[iv].
Faleceu em Campelos a 16/11/1968, deixando 7 filhos.
Laureano dos Santos, nasceu no Casal do Carregado (junto a Campelos) a 7 de Junho de 1893, 1º filho de Zeferino dos Santos, Exposto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, (que veio com dois dias de idade para o Casal do Carregado, onde foi criado, pela ama Luísa Maria) e de Adelaide de Jesus, natural de Campelos.
Laureano dos Santos embarcou para França a 21 de Agosto de 1917, solteiro, como soldado nº 251 da 2ª Companhia, C.A.P./1º Grupo/1º B.A.C. Regressou a 16 de Fevereiro de 1919.[v]
Laureano dos Santos casou a 26 de Dezembro de 1921 com Florinda da Conceição, de 29 anos, natural de Papagovas, Lourinhã, filha de José da Silva Carruço e de Maria da Conceição, viveram em Campelos, onde foram pais de 6 filhos. Faleceu na freguesia da Moita dos Ferreiros, Lourinhã, a 8/9/1966.
Uma vez que hoje Campelos está em União com a freguesia de Outeiro da Cabeça, sabemos pela mesma fonte que Manuel Baptista, solteiro, de Outeiro da Cabeça, filho de João Baptista e de Maria Luiza, embarcou para França a 19 de Agosto de 1917, como soldado nº 814, nos Sapadores Mineiros/2ª Companhia/R.S.M./2ª Companhia, e regressou a 31 de Março de 1919[vi]





[i]  Ramos, Helder, “A participação torrienses na Grande Guerra: Identificação e percursos de vida”,  in OS Portugueses na Grande Guerra/História e Memória. Turres Veteras XIX, 2017, p. 135.
[ii] Matos, Venerando Aspra de, “Ecos da Grande Guerra em Torres Vedras”, in OS Portugueses na Grande Guerra/História e Memória. Turres Veteras XIX, 2017, pp. 124-125.
[iii] Ramos, Helder, op. Cit., p. 162
[iv] Idem
[v] Idem, ibidem,  p. 156,
[vi] Idem, ibidem,  p. 162.