Amanhã, Domingo 22/8/2021, realiza-se no Outeiro da Cabeça a Festa de Nossa
Senhora Rainha do Mundo, padroeira desta Paróquia, Missa de festa com
Celebração do Sacramento do Crisma, celebrada pelo Sr. Bispo D. Daniel
Henriques, Bispo auxiliar de Lisboa, e pelo Pároco Padre Manuel Charumbo.
Sabemos, pelo “Despertar”, que o Sacramento do Crisma foi administrado
no Outeiro da Cabeça em 25 de Outubro de 1963 a 125 pessoas, (deve ter sido a
primeira vez nesta localidade) pelo Senhor Bispo de Fabiana, D. António de
Campos, diz a notícia: “Foi impressionante o respeito e dignidade com que todos
assistiram a este acto. Terminadas as cerimónias, calorosa despedida foi feita
pelo Sr. Bispo. Seguidamente foi servido em casa do Sr. José Pereira Rafael, um
almoço a que assistiram cerca de 20 pessoas”.
A festa anual do Outeiro da Cabeça celebrava-se no último domingo de
Agosto, mas por alguma razão que desconhecemos, pelo menos a festa religiosa
foi antecipada, por isso hoje abordamos esta parte religiosa.
Procurámos resumir nesta publicação o essencial sobre a história da Igreja
do Outeiro da Cabeça, e publicar algumas fotos relacionadas com a Igreja e
Paróquia.
Pela leitura de alguns exemplares do Jornal o Despertar,
Boletim do Outeiro da Cabeça (Oeste) nascido a 21/2/1963, nome escolhido por
Manuel Pereia Cardina e sua filha, a Drª Graça Pereira, publicado na década de
60 do século XX ficamos a saber pormenores sobre a construção da Igreja do
Outeiro da Cabeça, por textos escritos por João Gomes (Monteiro)
No Outeiro da Cabeça as cerimónias religiosas iniciaram-se na Capela
do Cemitério, com a celebração da missa quinzenalmente, e as festas anuais
chegaram a ser celebradas no celeiro do Sr. Augusto Carruço.
A ideia de se construir uma Igreja no Outeiro da Cabeça deve ter-se
iniciado na década de 40, ganhando “mais entusiasmo” a partir de 1951, com a
vinda do Padre Manuel Joaquim Branco, onde discutiram os locais para a sua
construção mas sem chegarem a consensos, durante os 8 anos que esteve no
Outeiro. A ele se deve a festa de N. Srª de Fátima que durante muitos anos se
realizou no Outeiro da Cabeça.
Iniciaram campanhas de angariação de fundos, como a campanha do “OVO”,
em que as pessoas ofereciam ovos que depois eram vendidos cujo resultado revertia
a favor da construção da igreja. Surge o grupo de teatro com representações por
outras terras para recolha de fundos, como foi o caso do drama “João o Corta
Mar”, que foi representado em Campelos, Aldeia Grande, Miragaia, Marteleira,
Vale Covo, e outros locais. Tendo apurado 13.000,00 escudos.
O terreno para a construção da Igreja foi doado por Carlos Ferreira,
Joaquim Amaro, e Francisco António.
Em Maio de 1960, há dois acontecimentos importantes:
1 – Realizou-se no terreno oferecido para a Igreja a festa de N. Srª
de Fátima, missa campal, presidida pelo Padre Fernando Guerra, concelebrada com
o Padre António Teixeira de Sousa.
2 - Na estrada entre Torres
Vedras e Catefica, um carro e uma scooter quase colidiam, o que levou os dois
condutores a pararem, e a verificarem que se conheciam, o Adriano Oliveira e o
Padre Guerra, dizendo o Adriano que vinha a pensar na Igreja, e o Padre Guerra
a pensar que tinha e ir falar com o Padre Inácio, e não quiseram perder mais
tempo, deixaram a scooter, e foram até Queluz falar com o Padre Inácio, donde
regressaram esperançados, e a partir desse dia começaram a visitar outras
Igrejas.
Mais tarde foram falar com o
Arq. Lucínio Cruz, que elaborou o projecto, os cálculos da estrutura foram
oferecidos pelo Engº Mello Gouveia. O levantamento teve a interferência do Eng.
Manuel António Pereira Rafael.
A 1ª pedra da Igreja foi lançada em 1 de Junho de 1961, em cerimónia
religiosa presidida pelo Sr Bispo D. António Campos. Neste mesmo dia foi
inaugurada a escola, que já funcionava, mas não tinha sido oficialmente
inaugurado, presentes nestes actos o Governador Civil de Lisboa, o Presidente
da Câmara de Torres Vedras, o Director Escolar. No fim houve um “finíssimo copo
de água” onde usaram da palavra José Pereira Rodrigues Rafael, a professora
Alice Correia e o Director escolar. Antes da missa também dirigiram algumas
palavras o Presidente da Câmara, e João Gomes (Monteiro).
A construção propriamente dita só terá começado em 1962, é João
Monteiro Gomes que o escreve, em notícia no jornal Badaladas, datada de 8/12/1962
“Parabéns Outeirenses! Sempre foi no ano de 1962 que a vossa igreja começou (…)
A obra é de grandes dimensões. Portanto, maior será o sacrifício de todos para
a levar a cabo, (…) À Comissão de Melhoramentos juntaram-se as professoras na
angariação de fundos. Escreve também que foi organizada pelo Padre Guerra a Via
Sacra com itinerário desde a capelinha do cemitério até ao local da futura
igreja, sendo até à 14ª Estação, seguida da celebração da Santa Missa. Foi a
primeira vez que o povo deste lugar teve a dita de assistir a esta cerimónia de
tão alto significado. (…) voltando-se para a multidão que acorreu em grande
número, uma cruz, com um dístico em que se lia Regressemos a Deus – Missão 1963”
Sabe-se que em 1963 a Comissão Angariadora das ofertas Pró-Igreja era
constituída por: Manuel Domingos Caetano Vicente, Adílio Antunes, Hélder Silva.
A 25 de Outubro de 1963 o Sr. Bispo D. António Campos voltou ao
Outeiro, como referimos no inicio deste texto, para o Sacramento do Crisma, e
saudou o povo “pelo seu espírito de sacrifício, bem patente naquelas quatro
paredes que hão-de suportar o tecto da futura igreja, congratulando-se
portanto, pelo empenho que todos têm devotado pela obra”
Em 2 de Maio de 1964 é colocado um sino numa torre improvisada.
Em Abril de 1966 ainda não tinha telhado, era preciso 80.000,00
escudos (oitenta contos) para essa parte da obra, e só havia 12.000,00, já
tinham gasto 260.000,00 (260 contos).
Em 28 de Agosto do mesmo ano, após a missa de festa foi anunciado que o
Secretariado das Novas Igrejas ofereceu 50.000,00 escudos para as obras da Igreja,
uma grande ajuda para o telhado.
A 26 de Maio de 1967 após a missa celebrada pelo Pároco, P.
Hermenegildo Valente Vaz, acolitado pelos Padre Félix Tavares, e Francisco
Pitinha, houve a bênção do Santíssimo e sua guarda no sacrário, por já haver
tecto na igreja, e soube-se que a partir de 31 de Maio dia de N. Senhora Rainha
do Mundo, Padroeira da Igreja, estava concedida autorização pelo Sr. Cardeal
Patriarca de Lisboa, a realização de Baptismos e casamentos. O primeiro
Baptismo foi de João Paulo da Conceição Gomes, filho de Joaquim Maria Gomes, e
de Deolinda da Conceição.
No dia 1 de Maio de 1988 a Igreja recebeu a Imagem Peregrina de N.
Senhora de Fátima, tendo-se realizado diversas cerimónias religiosas, com
oração durante toda a noite e procissão das velas, pelas ruas da localidade,
“totalmente cobertas de junco, as janelas engalanadas com as melhores colchas e
brilhando na noite à luz das velas (…) nunca os habitantes do Outeiro da Cabeça
a tanta manifestação de fé cristã”.
A Igreja, dedicada a Nossa Senhora Rainha do Mundo, só foi
oficialmente inaugurada em 7 de Fevereiro de 1993, benzida pelo Sr. Cardeal
Patriarca D. António Ribeiro. As entidades foram recebidas pela Banda da Escola
de Música Paroquial, além do Sr. Cardeal estiveram presentes: A Governadora
Civil de Lisboa, Drª Maria Adelaide Lisboa, o Presidente da Câmara de Torres
Vedras, Dr. José Augusto de Carvalho, o Presidente da Junta de Freguesia, José
Manuel Antunes, e como convidado o Dr. Afonso de Moura Guedes (anterior
Governador Civil de Lisboa). A missa foi presidida pelo Sr. Cardeal e concelebrada com Prior, Padre Mário Luís
Henriques Pais, Padre Horácio Correia,
Vigário, o Padre Fernando Guerra e outros padres.
No final houve uma merenda convívio no salão paroquial.
Pela Igreja foi construído o Salão Paroquial e promovidos dois grandes
grupos culturais do Outeiro da Cabeça: a Escola de Música, e o Rancho
Folclórico Infantil, que envolveu muitas dezenas de jovens.
A elaboração deste texto só foi possível com o empréstimo, pela
Lucília Gomes Monteiro, dos 22 números do Boletim Despertar, e de outros
documentos. Com a consulta do Facebook, página amigos do Outeiro da Cabeça, e
conversas e fotos com Pedro Garcia, Luís Costa, Fátima Antunes.