sexta-feira, 16 de junho de 2017

Quinta do Perdigão, Lourinhã

A Quinta do Perdigão, situada na paróquia de Miragaia, do concelho da Lourinhã, onde se localiza hoje um matadouro de aves e uma fábrica de rações, propriedade de família Feijão da Cabeça Gorda, paróquia de Campelos, Torres Vedras, nem sempre teve este nome.
Verificamos isso pelos registos paroquiais de S. Lourenço dos Francos, nomeadamente ao vermos os registos de baptismo dos 6 filhos de Lourenço José Dias Perdigão, nascidos entre 1780 e 1792, cinco nascidos no Casal dos Padres e um no Casal do Perdigão.
Já o mesmo Lourenço Dias Perdigão está como nascido em 1756 no Casal do Perdigam, e tem uma irmã nascida no Casal dos Padres, que é também o local de nascimento do seu pai Domingos Dias Perdigão, em 1729.
Desde 1649 que encontramos baptismos de crianças nascidas no Casal dos Padres, sempre da ancestrais da mesma família do dito Lourenço Dias Perdigão.
Os próprios registos dão-nos a localização, que coincide com a actual Quinta do Perdigão, vejamos algumas descrições;
1651 – “Casal dos Padres da Igreja Matriz da Vila da Lourinhã”[1];
1671 – “Casal dos Padres da Igreja Matriz da Lourinhã, que está por cima desta Igreja de S. Lourenço dos Francos”[2]
O referido Lourenço Dias Perdigão parece ser o último, com este apelido, a morar naquele lugar, quase todos os seu filhos foram morar para as Papagovas.
A alteração do nome daquele Casal terá ocorrido por ser habitado por várias famílias de apelido Perdigão, como supra referimos.
A partir de 1855 já encontramos registos referindo a Quinta do Perdigão, no nascimento de filhos de Inácio Franco e Maria da Nazareth, ambos naturais da Carvoeira, Torres Vedras, e são os caseiros ou Feitores da Quinta, então propriedade de Francisco Romeiro da Fonseca (Siopa), que é inclusive padrinho de baptismo de uma destas crianças, de Francisco, em 1871[3], vejamos a descrição:
        “(…) Foi Padrinho Francisco Romeiro da Fonseca, solteiro, negociante, por seu bastante procurador Felipe Bernardo, caseiro da mesma Quinta (…)”.
O Siopa, como era conhecido Francisco Romeira da Fonseca, já tinha sido padrinho em 1850 de Joaquim Vieira, pai da mãe do Dr. Vieira Machado (nascida no sanguinhal), nesse baptismo, com a seguinte descrição:
        “(…) Padrinho o Exmº Sr, Francisco Romeira da Fonseca, do Sanguinhal (…)”
Num outro baptismo, de Joaquim, tio do Dr. Vieira Machado, realizado no Sanguinhal, em 1879, vemos mais uma vez o Francisco Romeira da Fonseca como padrinho, e assim apresentado:
        “(…) padrinhos O Meretíssimo e Excelentíssimo Senhor Francisco Romeyro da Fonseca, solteiro, negociante e proprietário, morador no Sanguinhal (…)[4]
Em 1860 o Abegão da Quinta (responsável ou caseiro da parte agrícola, dos animais e alfaias agricolas) é João da Silva Carruço, natural da Ermegeira, casado com Gertrudes Rita, da Abrunheira, e pais de 6 filhos, dos quais 4 nasceram na Quinta do Perdigão.
Os últimos residentes da Quinta do Perdigão eram descendentes de D. Amélia Almeida Rego, que casou em 1877 com o Guarda Livros da Quinta do Perdigão, Adolpho Ernesto Bordalol[5], falecido em 1890, tendo D. Amélia voltado a casar, em 1891 com Jayme Pereira Coutinho[6] .
O Adolfo Bordalo ficou na posse da Quinta do Perdigão doada em testamento, pelo Francisco Romeira da Fonseca[7].


[1] ANTT-Registos Paroquiais, Lourinhã, S. Lourenço dos Francos, Misto 2, p. 39v.
[2] ANTT-Registos Paroquiais, Lourinhã, S. Lourenço dos Francos, Baptismos 1, p. 10.
[3] ANTT-Registos Paroquiais, Lourinhã, S. Lourenço dos Francos, Baptismo 13, p. 12v.
[4] ANTT- Arquivo Distrital Leiria, Registos Paroquiais, Bombarral, Carvalhal, Baptismos 1879, assento 47.
[5] ANTT-Registos Paroquiais, Lourinhã, Moita dos Ferreiros, Casamentos 1, p. 57v.
[6] ANTT-Registos Paroquiais, Lourinhã, Lourinhã, Casamentos 41, assento 37/1891.
[7] Gazeta da Relação de Lisboa, Volume 16, Lisboa, 1903, p.305.

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