quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Torel um apelido que me parece ter ligações ancestrais com Gaspar Campello.

Torel é nome de jardim em Lisboa, está situado, entre a Av. da Liberdade e o Campo Mártires da Pátria, ir pelo elevador do Lavra, que se apanha próximo da Av. da Liberdade, é um dos modos de lá se chegar. Este jardim é assim descrito pela Câmara de Lisboa:
Deste miradouro disfruta-se de uma vista desafogada sobre o vale da Avenida da Liberdade e a colina de São Roque, onde se destaca o jardim de São Pedro de Alcântara, os sucessivos patamares da Calçada de Santana e de um modo geral a zona Ocidental da cidade.
O Jardim do Torel, originário de uma quinta do início do século XVIII, deve o seu nome ao desembargador Cunha Thorel, o mais rico proprietário da zona. Em janeiro de 1928 o terreno do palácio foi cedido à Câmara Municipal de Lisboa que aí construiu o jardim e o miradouro, do qual se observa uma deslumbrante vista da parte ocidental de Lisboa. O espaço envolvente a este jardim é rico em numerosos exemplares de moradias nobres dos séculos XVIII e XIX. Em 2000 o Jardim do Torel foi alvo de uma intervenção de requalificação e restauro. A obra incluiu a instalação de um novo sistema de iluminação pública, composto por iluminação de presença e decorativa, possibilitando que de outros locais da cidade, o Jardim do Torel seja mais um ponto de interesse panorâmico na noite de Lisboa.
Na investigação histórica que venho efectuando focada essencialmente em Lourinhã e Torres Vedras cruzei-me com estes Torel, ou Thorel, nos Registos Paroquiais de Lourinhã, Runa e Sapataria.
O desembargador Cunha Thorel referido no sítio da Câmara de Lisboa é João Caetano Thorel da Cunha Manuel, nascido na freguesia de S. Paulo, Lisboa, no ano de 1703, filho de Marcos António Thorel, nascido em Ruão (Rouen em francês), Normandia, França, e de Joana Francisco da Cunha Manuel, nascida em 1678 na Vila da Lourinhã, que tinham casado em Maio de 1701, na Igreja de S. Catarina, Lisboa, foram pais de pelo menos 7 filhos, entre 1702 e 1718:
1702 - Francisco António Thorel, Cavaleiro da Ordem de Cristo,  casou em Runa, em 1729 com a sua prima direita Maria Caetana da Cunha Manuel, nascida em Runa, filha do seu tio materno o Capitão Nicolau da Cunha Manuel, deste casamento nasceram em Runa 8 filhos, dos quais não conhecemos descendência, alguns dos filhos faleceram na Quinta do Espírito Santo, da Sapataria, Sobral de Monte Agraço, o que mais se destacou parece ter sido o Francisco Xavier da Cunha Torel, foi testamenteiro do seu irmão Nicolau, e de seu tio o Bispo Nicolau Torel da Cunha Manuel, Em 1801 é referido como Monsenhor da Santa Igreja Patriarcal de Lisboa, no registo de óbito do irmão.
1703 - João Caetano Torel da Cunha Manuel, Bacharel em Leis, pela Universidade de Coimbra, Corregedor de Elvas, Corregedor do Crime do Bairro Alto, Desembargador da Casa da Suplicação, Corregedor do Cível da Corte, casou com D. Agostinha Antónia Henriques Melo e Castro, foram pais de 3 filhos.
1705 - António José Torel, casou em 1745, na Igreja dos Anjos, com D. Maria Josefa de Mendonça, e mais tarde com Maria Antónia Margarida Couceiro Marreca, de que se conhecem 4 filhos.
1706 - José Thorel, faleceu solteiro na Quinta do Espírito Santo, Sapataria, Sobral de Monte Agraço, em 1766.
1712 - Nicolau Joaquim Thorel da Cunha Manuel, formado em Cânones em 1739, pela Universidade de Coimbra, Inquisidor do Tribunal de Évora durante uma década, Deputado do Conselho Geral da Inquisição, Provisor da Diocese do Porto (1768-1770), Bispo de Lamego (11/1770-7/1772), faleceu em Julho de 1772, na Quinta do Desembargador José Inácio Rodrigues, em Carnide, nomeia como testamenteiro seu sobrinho Francisco Xavier da Cunha Torel, Deputado do Santo Ofício e Juiz Geral das Ordens, morador na Rua larga de S: Roque, Lxª, foi sepultado no Convento de S. João da Cruz dos religiosos carmelitas descalços deste lugar de Carnide, como deixou determinado no seu testamento. Faleceu sem ocupar o cargo de Bispo de Lamego.
1718 - Joaquim, e Ana, gémeos, sem mais informação.
Coloco como hipótese a Filipa da Cunha, que nos surge como madrinha em baptismos de S. Lourenço dos Francos, ser irmã da esposa, ou filha de Gaspar Campello, então estes “Torel” são seus descendentes pelo lado materno, a supra referida Joana Francisca da Cunha Manuel.
Ao fazermos a pesquisa na Habilitação de Genere do Bispo Nicolau Torel da Cunha Manuel,  havia a esperança de confirmar esta ligação, mas só recua até Nicolau da Cunha Silveira, e na  Leitura de Bachareis, de Francisco da Cunha Manuel,  recuamos até ao pai deste, que também tem o mesmo nome Nicolau da Cunha Silveira, que sabemos ser filho de Lourenço da Silveira e de Filipa da Cunha, que pelo casamento da filha Isabel da Silveira, sabemos que moravam na Marteleira onde o casamento se realizou, em 1594.
Gaspar Campello, que deu origem ao nome da Vila de Campelos, devido à Quinta que aqui tinha, era casado com Vicência da Cunha, foi padrinho de casamentos e baptismos em S. Lourenço dos Francos, entre 1589 e 1608, e sabemos que em 1610 faleceu e foi sepultado naquela igreja Gaspar da Cunha, neto de Gaspar Campello, portanto o apelido Cunha passou na geração seguinte, e atendendo aos registos encontrados naquela freguesia, nesse periodo, consideramos como filhos, no campo das hipóteses: Jacinta da Cunha, Nicolau da Cunha, Filipa da Cunha, supra referida, e António Campelo. Não sei se conseguirei confirmar estas hipóteses, que têm fortes indícios de possibilidade, mas que falta provar documentalmente.

Como podemos ver nas referências às pessoas com o apelido Torel, o apelido Cunha Manuel, mantém-se, e por vezes até sobressai, em breve escreveremos sobre ele.

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