Os usufrutuários do Casal da Amieira Grande, pagavam anualmente o Foro, em 15 de Agosto, que nos últimos anos era:
60 alqueires de trigo (setecentos
noventa e dois litros e novecentos mililitros) duas galinhas, e um carneiro
A Amieira Grande era foreira da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, ou seja o dono era a Misericórdia.
A remissão do Foro, ou seja a aquisição plena das terras deve ter sido efectuada por Manuel Lopes, em 1880 ou 81, atendendo a dois factos:
1 - No inicio de 1880 o Casal da Amieira Grande estava na posse do Estado, (deve ter sido incorporado na Fazenda Nacional, como foram incorporados outros bens que eram de Ordens Religiosas em 1834, devido à extinção das mesmas)[1], componha-se de terras, vinhas e matos; confronta do norte com estrada, sul com José Ferreira, nascente com Manuel Joaquim e outros e poente com o casal da Amieira Pequena.
2 – Em 1874 o Manuel Lopes, casado
com Maria Bárbara contraiu um empréstimo, em que davam como hipoteca “especialmente o domínio útil de um prazo
foreiro à Santa Casa da Misericórdia desta Vila um Casal chamado de Amieira
Grande, na referida freguesia de Santa Maria do Castelo, e se compõe de casas
térreas, palheiros, abegoaria, adega, lagar, terras, vinhas, matos e pinhal,
tudo junto, e parte redondamente do norte com mato, de José Ferreira, do Casal
do Grilo, sul com terra e vinha de José Ferreira, de Vila Facaia, nascente com
mato e terra , de Manuel Joaquim, do Casal das Campainhas, e do poente com
mato, de João de Moura Borges, da Lourinhã, e tem o valor venal de dois contos
e quinhentos mil reis.”Este empréstimo estava todo pago em 10 de Fevereiro de
1881.[2]
A informação mais antiga que temos sobre a Amieira Grande, merecendo algumas dúvidas, é a seguinte:
No ano de 1309, (que em Portugal ainda vigorava como 1347 da era de César), o Bispo de Lisboa manda efectuar uma inquirição no território de Torres Vedras, para delimitar a área das quatro igrejas paroquias, todas sediadas naquela Vila. Seguindo o percurso dos clérigos, (um de cada igreja), que iniciaram a inquirição no sudoeste da actual freguesia de A dos Cunhados, caminhando para nordeste, entre duas pessoas de Vila Facaia aparece:
«(...).Pero lourenço e Petro annes e Domingos
ioanis, da Ameeyra dos pobres a par de a Ribeira dalca/brichel ham hj
herdamento que rende ij modios de pam/ (…).Pero Lourenço da Ameeira há Erdamento nas ferrarias de que colheria
iijes quarteiros de pam e iijes/ puçaaes de vinho/.(…)»[3]
Na
proximidade de Vila Facaia existiu durante séculos um Casal da Amieira, de que
hoje só restam vestígios, mas que encontramos nos primeiros livros de registos
paroquiais de A dos Cunhados, no século XVII, e já constando como um dos
lugares a integrarem na criação desta freguesia, em 1581, nesta data com três
vizinhos, que foram reclamados por pertencerem à freguesia de Santa Maria do
Castelo, [4]onde
permaneceram e posteriormente na freguesia de Campelos, quando esta se
desanexou daquela.[5]
Quando no vídeo de apresentação da minha candidatura às próximas eleições autárquicas disse sobre os habitantes da freguesia que “muitos dos nossos antepassados são comuns”, tinha presente na memória o trabalho que tinha feito em 2009, quando se fez uma palestra sobre os 700 anos do Casal da Amieira Grande, ou do João Lopes, que fica junto a Cabeça Gorda. Nesta data os descendentes daquele Casal da Amieira, eram então mais de 5.000, quando ainda não tinha concluído o levantamento de todos os registos de baptismos casamentos e óbitos da paróquia de S. Lourenço dos Francos.
Decidi revisitar este assunto, agora que se volta a falar do Casal da Amieira Grande, e fiquei deveras admirado, o programa de genealogia em uso, com os 33.248 nomes por mim inseridos, dá na descendência do João Lopes 8.505 pessoas. Esta descendência do João Lopes já dá um bom livro, com 395 páginas, tamanho A4.
Não sabemos a data de nascimento deste João Lopes, sabemos que foi casado com Maria Henriques, e no Casal da Amieira foi pai de 10 filhos, entre 1670 e 1687, faleceu em 1717, seis dos seus filhos casaram e deixaram descendência, que continua até aos nossos dias.
Há pois motivos para dar razão há “Ti Marquinhas” de Campelos, que tratava todas as pessoas por primos.
Em regra as pessoas que nasceram na freguesia de Campelos e nas localidades próximas, são parentes umas das outras, nas quais me incluo, o que vai variando é o nível do parentesco.
Cumprimento pois todos os primos
[1] Diário do Governo de 12/1 e 8/4/1880.
[2] Documento de D. Graciete Rodrigues
[3]
[4]
[5] Para memória do local, construíram em 2009, um pequeno monumento, como comemoração dos 700 anos deste Casal da Amieira, mais conhecido no século XX, como Amieira Grande, em contraponto com a Amieira Pequena, que também existia não muito longe. Em séculos anteriores é Casal do João Lopes, pois de geração em geração ficava de pais para filhos o Casal, e também o nome.
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